Entrevista LSF ao Cap. Pedro Almeida "Não temos objectivos definidos, não há nenhuma meta"
20-11-2011 20:00
"Não temos objectivos definidos, não há nenhuma meta"
Como, quando e onde nasceu o AC Gaia?
Ora bem, eu, Nelo e Paulo começámos em 2006 a jogar pelo Gaia United FC. Em 2008 surgiram algumas incompatibilidades entre nós e o resto do grupo. Foi ai que começou a surgir a hipótese de seguirmos um rumo diferente. Chegamos a conclusão que o melhor seria mesmo seguirmos o nosso rumo e como não queríamos ficar parados, resolvermos criar um projecto a nossa medida e a nossa imagem.
Começamos a reunir em meados de Junho para decidir nome, cores, símbolo, jogadores, etc. Fomos fazendo uns treinos com vários jogadores de modo a seleccionar 10 ou 11 para o plantel. Lembro-me como se fosse hoje o dia em que decidimos as cores e o símbolo, foi num café na praia de salgueiros.
Isto foi um processo que se arrastou até Agosto, altura em que ficou tudo definido. Por isso não sabemos precisar o dia em concreto da nossa fundação, fica apenas Agosto de 2008.
Referes que por incompatibilidades com o resto do grupo do Gaia United, tu, o Nelo e o Paulo resolveram criar o AC Gaia. A que incompatibilidades te referes?
Incompatibilidade do foro pessoal com alguns elementos que rapidamente se transpuseram para o grupo. Já não havia um ambiente saudável na equipa. Já quase que havia duas equipas dentro de uma o que não é nada saudável. Ninguém estava 100% bem, assim resolvemos abandonar e seguir o nosso caminho. Penso que foi o melhor para todas as partes.
O AC Gaia veste-se de azul claro e branco, com calções pretos. Inspiraram-se em alguma coisa para chegarem a essas cores?
Sim, inspiramo-nos nas cores da Argentina. Não houve nenhum motivo em especial, apenas achamos o equipamento bonito e resolvemos inspirar o nosso no deles. Penso que foi uma boa escolha, recebemos vários elogios do equipamento ao longo destes anos.
Depois de escolher as cores foi dar azo à criatividade! Não sei se já repararam mas tanto o branco como preto têm o símbolo em marca de água na frente. Foi feito totalmente à nossa medida! Nós dizíamos como queríamos e o esboço ia sendo feito pelo responsável da Cofides.
Nesse mesmo ano vocês participaram na Liga D’Honra. Como é que tal convite aconteceu, sabendo que vocês tinham alguns dias de existência? Vocês candidataram-se ou foram convidados?
Não. No ano de fundação participamos na Liga Futuro, fomos fundadores da liga juntamente com La Paz e Areinho FC. Foi aí que conhecemos equipas como Elite Team, AC Campanha, Atlético de Gaia e Borussia D’Outromundo. No ano seguinte (2009) é que participamos na Liga D’Honra. Fui tendo umas conversas com o Pedro Ribeiro (agora Palankas), na altura ele pertencia à Brigada das Fontainhas.
O Pedro era um dos organizadores da liga e abordei-o no sentido de auscultar a possibilidade de ter o AC Gaia na Liga D’ Honra. Lembro-me que a conversa final até foi na bancada do pavilhão do FC Gaia, estava a jogar Gaia United vs Gaiathinaykos, salvo erro.
Ele disse-me para elaborar um projecto e enviá-lo. Este iria ser sujeito a deliberação (já não sei se por todas as equipas ou pelos responsáveis da liga).
E foi assim que entramos na Liga D’Honra!
Antes de aprofundarmos mais o vosso trajecto na Liga Futuro e Liga D'Honra, gostaria de aproveitar o facto de teres referido duas equipas que marcaram o vosso trajecto no FFA. Falo obviamente dos casos graves ocorridos com o AC Campanhã (Torneio Celta de Gaia) e com a Brigada das Fontainhas (Liga D’Honra). Sei que já passou muito tempo e as coisas já devem ter resfriado bastante. Como tal, podes contar-nos o que é que teus olhos viram nesses dois casos que abalaram o FFA? Não vos preocupa o que é que os outros pensarão quando reparam que o AC Gaia é o denominador comum em ambos os casos?
São dois casos completamente diferentes!
Relativamente ao caso com AC Campanhã passou-se já no decorrer da Liga Futuro, mais propriamente, num torneio organizado pelo Celta de Gaia. Caso esse, que levou ao nosso abandono da Liga Futuro. Havia grande rivalidade entre as nossas equipas, equipas que se equilibravam onde o resultado podia pender para qualquer um dos lados.
Lembro-me que na altura o Nelo ainda não jogava, tinha sido operado ao ombro e apenas estava no banco a dar indicações e a incentivar a equipa. Quando fomos jogar a casa do AC Campanhã para o campeonato, perdemos 4-2.
Há uma jogada em que um jogador do AC Campanhã encostado à linha com o Veloso pela frente e tudo isto a passa-se mesmo à frente do Nelo.
Ora, o Nelo começa a berrar para o Veloso: “Vai para a linha! Vai para a linha!”
E de facto foi, e acaba por marcar golo.
Quando ele vai festejar, passa pelo Nelo e, digamos que não tem o comportamento mais correcto.
Eu estou a contar isto para situar um bocado as pessoas, não que nós tivéssemos ficado incomodados com isso, até porque quem nos conhece sabe que somos superiores a isso, mas acho que a partir daí eles nunca mais ficaram “bem” connosco apesar de ser uma situação normalíssima.
Chega então o torneio. Na Fase grupos, o AC Campanhã fazia parte do nosso grupo.
Primeiro jogo: AC Gaia vs AC Campanha.
Ganhamos o jogo por 2-1. Jogo durinho mas sem grandes faltas, apenas uma boca ou outra mas tudo relativamente pacifico.
No último jogo da fase de grupos contra Atlético de Gaia, apenas precisávamos do empate para ficar em primeiro e assim ir à final. Até hoje não sei explicar o que se passou, mas deviam correr 7 ou 8 minutos de jogo (jogos de 20min) já estávamos a perder 3-0. Desde o início do jogo que a equipa do AC Campanhã estava na bancada, a fazer cânticos insultuosos para a nossa equipa. Sem parar mesmo.
Podiam querer que perdêssemos, mas estarem permanentemente a fazer cânticos insultuosos, não gostei!
Por volta dos 12min de jogo estávamos a perder 5-0. Digo isto assim por alto porque não me lembro exactamente dos minutos, obviamente. Há então um desconto de tempo e eu disse uma coisa que se fosse hoje não fazia. Não porque a equipa do AC Campanhã não merecesse mas porque não é correcto.
Aprendi com esse erro. Não se deve ter uma má atitude em resposta a outra má atitude.
Então disse: “Pessoal, se perdermos 7-0 quem vai a final é o Atlético de Gaia e não o AC Campanhã”.
Como é óbvio, depois de termos estado o jogo todo a ser insultados toda a gente concordou. Assim foi, sofremos mais dois golos propositadamente e quem foi à final foi o Atlético de Gaia.
Acabou o jogo e vem toda equipa do AC Campanhã disparada contra nós a insultar, sendo que apenas o Paulo foi agredido. Não me orgulho desta atitude, mas estava a quente numa situação de pressão, de insultos permanentes e naquela altura de raiva foi o que me ocorreu.
Na altura admiti isto tudo, nós podemos não ter estado bem. E não estivemos!
Mas eles também não estiveram.
A nossa atitude não foi a causa, foi a consequência.
O segundo episódio, já na Liga D’Honra, com a Brigada das Fontainhas, foi na altura em que o jogo decidia o primeiro lugar. Já que até então tanto nós como eles contabilizávamos apenas vitórias. Penso que o jogo estava 2-2 quando tudo se passou.
Eu estava no banco de suplentes quando de repente vejo o um jogador da Brigada das Fontainhas a dar uma cotovelada no Nelo. O Nelo tem uma reacção instintiva e os dois embrulham-se. Vai tudo a correr para eles, quando eu penso que vai tudo separar estava bem enganado
A nossa equipa foi para separar, a deles cai tudo em cima do Nelo tirando dois ou três mais o treinador. Estavam pai 8 ou 9 elementos da bancada afectos a Brigada que saltam a bancada e vem para bater em vez de separar.
O Nelo foi agredido, eu fui agredido, o Igor foi agredido, inclusivamente o Treinador deles foi agredido no meio da confusão. Seriam pai 3 para cada um de nós, que íamos sendo “convidados” a sair do pavilhão. Tudo acaba, quando um jogador da Brigada vem puxar o Nelo do meio para fora do campo.
Teve uma atitude de louvar porque senão não sei como seria sinceramente. E assim foi, no final já estava o Nelo a conversar com o jogador que se tinha embrulhado e pronto. A liga acabou nessa altura. Já não havia vontade em continuar da nossa parte e de algumas equipas.
Quero só salientar que este é o meu ponto de vista, respeito que outras pessoas tenham outro ponto de vista. Não relato isto com o intuito de denegrir as equipas nem ninguém concretamente. Como podem reparar não sito nomes de jogadores, apenas equipas que são de conhecimento geral. Quero também frisar que foi a primeira e ultima vez que falei sobre isto “publicamente” após os acontecimentos.
Qualquer tipo de resposta que possa surgir eu não vou responder nem comentar.
Relativamente a segunda pergunta, não me incomoda minimamente porque quem nos conhece sabe como nós somos. Se assim não fosse, não teríamos entrado na Liga D’Honra após o acontecimento do AC Campanhã e na Liga SuperFutsal após estes dois acontecimentos.
Esses dois momentos, aliados a outros tantos, fizeram com que o FFA se transfigurasse. A partir daí o FFA abdicou das Ligas e fechou-se de tal maneira que o seu fim foi anunciado e programado para Fevereiro de 2012. Como vês essa situação? Como achas que o Futsal Amador pode sobreviver sem esse ponto de encontro entre equipas de todo o país?
Eu não concordei nada com o rumo que o FFA tomou após uma sequência de actos reprováveis. E da mesma forma que eu não gostei outros tantos também não gostaram. Penso que as “comadres” foram protegidas e este sentimento de injustiça levou a algumas equipas a pura e simplesmente desistir do fórum como aconteceu comigo.
Eu não digo que a minha equipa não devesse ter sido castigada, mas equipas que tiveram alguns incidentes tiveram pena suspensa e foram consideradas equipas FFA mesmo assim. Penso que partiu um pouco por aqui, pelo menos falo por mim.
Tenho pena que o FFA acabe, mas também da forma que estava poucas vezes lá ia. Passou a ser um fórum restrito a algumas pessoas e obviamente as outras equipas tiveram de andar para frente e arranjar forma de comunicarem entre si. Penso que o seu fecho se deve a forma como se procedeu as suas alterações e não aos acontecimentos que levaram a essas alterações.
Havia várias formas de contornar a “publicidade” de possíveis problemas, assim como na LSF temos a sala de reuniões no FFA poderia haver uma em cada liga. Porque uma liga sem problemas é impossível, há sempre qualquer coisa.
E assim, o FFA caminhou para um rumo que muitos previam. Um fórum só faz sentido se houver interacção de diversas pessoas e o FFA terminou com isso. Passou a ser um fórum de amigos, mas amigos mandam SMS, telefonam, etc., não precisam de fórum.
Conheci óptimas equipas e pessoas através do FFA, assim como eu muita gente. Existem diversas ligas, com o seu próprio fórum e penso que não seja por ai que o futsal amador não sobreviva.
O problema está em equipas novas que terão mais dificuldade em dar-se a conhecer. Podem aceder ao fórum da LSF ou de outra liga mas não será a mesma que coisa que era no FFA.
Voltando ao assunto sobre a vossa participação na Liga Futuro. Como descreves essa vossa primeira experiência numa Liga de Futsal Amador? Quais os aspectos positivos e negativos que retiraste daí?
Relativamente a mim, Paulo e Nelo não foi a primeira experiência. Já tínhamos disputado a mini liga dois anos pelo Gaia United, tendo sido campeões no primeiro ano. As ligas teoricamente mais estáveis e credíveis na altura já estariam definidas e a única solução de disputar uma liga foi juntarmo-nos a equipas que desconhecíamos por completo.
Era isto ou passar o ano a fazer amigáveis. Arriscamos, mas serviu para aprender a nunca mais fazer o mesmo. Já as vezes entrar numa liga que te dás bem com as pessoas e conheces as equipas nem sempre tudo corre bem, quanto mais com pessoas que nada te dizem e que acabaste de conhecer.
Não digo que foi mau, porque serviu para os mais novos perceberem o ritmo competitivo do futsal amador. Havia muito pouca organização, algumas pessoas pouco responsáveis.
De registo foi o conhecimento do Fábio Aguiar (ex-Borussia, agora Livercool FC), uma pessoa muito seria e responsável já na altura que se veio a comprovar estes anos.
Após essa saída da Liga Futuro, vocês foram competir para a Liga D’Honra. Tal como que te pedi para a Liga Futuro, por favor descreve as experiências que viveste na LH. Quais os aspectos positivos e negativos dessa vivência?
Penso que apesar do desfecho foi uma óptima experiência. Era uma liga super organizada, com pessoas sérias e competentes. Estávamos a gostar bastante de participar. Tenho de elogiar o trabalho do Pedro Ribeiro, que foi sem dúvida muito bom.
Tinha um pormenor que mais nenhuma outra liga tinha, os jogos serem sempre no mesmo pavilhão a um dia fixo da semana. Isso permitia juntar sempre mais pessoas e assim haver sempre assistência no pavilhão.
Foi pena o desfecho porque senão tinha tudo para se tornar uma das grandes ligas do futsal amador.
Existem outras ligas que jogam no mesmo dia (Liga Empresarial), mas penso que te estavas a referir a ligas totalmente amadoras. O facto de ter várias equipas aumenta o número de espectadores, como referes. Mas não terá sido o facto de ser tudo feito no mesmo local que exponenciou de tal forma as coisas negativas até ao ponto de a Liga ter terminado em definitivo? Se um caso idêntico sucedesse na LSF, será que a estrutura da Liga abalava de tal forma a que o seu término fosse imediato?
Sim referia-me às ligas amadoras, nem me estava a recordar da liga empresarial até porque não a considero uma das ligas amadoras.
Acho que o facto de ser tudo feito no mesmo local em nada exponenciou o término da liga. O que aconteceu poderia ter acontecido noutro local qualquer. Não foi, no meu entender, por serem todos os jogos realizados no mesmo pavilhão que as coisas negativas aconteceram.
Não, acho que a LSF aguentava. Mas também é diferente, é já o seu quarto ano com um núcleo de equipas constantes que permite um maior conhecimento de todos e por isso uma maior sustentação.
Centrando agora a nossa conversa na LSF, a época 2010/2011 foi uma experiência nova para ti e para a tua equipa. Como caracterizas essa época? O que te surpreendeu? O que te desiludiu?
Penso que acabou por ser uma boa época. Para ano de estreia acho que estivemos bem. Acho que correspondemos às expectativas das outras equipas a todos os níveis, não só a qualidade da equipa mas como o seu comportamento dentro e fora de campo.
Apesar de algumas coisas que se passaram, o que mais me surpreendeu, não que não achasse que seria assim, mas foi a organização da Liga. Muito bem estruturada, cada um sabe o papel que tem de desempenhar e isso é meio caminho andado para o sucesso.
O que mais me desiludiu foi a desistência do FC Matosinhos. Depois do campeonato que estavam a fazer estando muito tempo em primeiro acho que não estiveram bem ao desistir. Manchou por completo a boa época que estava a fazer.
O AC Gaia 2010/2011 ficou em 3º lugar na Liga, chegou às Meias-Finais da Taça e foi Finalista vencido na Supertaça. Contudo, a nível individual conseguiu condecorar o Sá (#7) como o Melhor Jogador da Liga! Consideras um prémio justo? Concordas com a teoria “o AC Gaia é o Sá e mais quatro”?
A meu ver só poderia haver dois vencedores, o Sá ou o Pedro do Bayern Monchique. Obviamente que há vários grandes jogadores, mas penso que estes seriam os melhores. A meu ver, o Pedro foi, sem dúvida, o melhor jogador de futsal puro do campeonato. Mas o Sá é mais tecnicista, mais forte no “um para um”.
Às vezes costumava dizer que conseguia imaginar o Sá passar pela equipa toda e marcar golo mas já o Pedro não o imaginava. Em relação à segunda questão, não concordo. Se me disserem que é um jogador chave, essencial, preponderante, concordo plenamente.
Agora que o AC Gaia é o Sá e mais quatro, não concordo! Uma equipa não é feita de um jogador, todos têm o seu papel. Acham que uma equipa de 5 Ricardinhos ganhava o campeonato? Não me parece.
E agora, quais os objectivos do AC Gaia para a época 2011/2012? É possível ver o AC Gaia a fazer melhor que o ano passado?
Não temos objectivos definidos, não há nenhuma meta. Queremos fazer o melhor possível, sabendo que temos capacidade para discutir o resultado de qualquer jogo.
Como alguns sabem, senão todos, este ano tivemos a saída de alguns jogadores importantes e que marcaram o percurso do AC Gaia não só na LSF como nos anos anteriores. Entraram alguns jogadores novos que ainda se estão a adaptar a nós e nós a eles bem como a competitividade da LSF.
Como é natural vão passar pelo um período menos bom de conhecimento até amuderecem e tornarem-se realmente uma mais-valia. Nós sabemos que tem capacidade para fazerem coisas boas mas é preciso paciência.
Tivemos, também, azar no início de época com as equipas que defrontamos. Quando surgirem duas ou três vitórias seguidas penso que a equipa volta a “normalidade”.
Referes a saída de “jogadores importantes”. A quem te referes especificamente? Porque é que saíram, é possível sabermos? O que é que perderam com a saída deles?
Sairam Valter, Melo, Samuel, Veloso e Nelo. Faltava uma semana para o fecho das inscrições e saiu meia equipa. Para além de ter saído meia equipa, o timming foi o pior possível. Numa semana era impossível arranjar jogadores para colmatar tanta saída, obviamente que jogadores há muitos mas essencialmente somos uma equipa de amigos.
Não vamos buscar ninguém só para ganhar se o grupo todo não aceitar esse jogador. Obviamente que Nelo e Veloso foram as peças mais importantes que saíram, eram jogadores que a par de mim, Sá e Paulo estavam desde a fundação do AC Gaia. Claro que não vou entrar em detalhes porque para além de não ficar bem, é uma questão que fica apenas no foro interno da equipa.
O Nelo queria uma coisa, o grupo tinha opinião contrária e ele decidiu abandonar a equipa e com ele foram atrás os restantes jogadores. Obviamente que saindo dois jogadores que ao longo destes anos faziam parte do núcleo duro da equipa se perde sempre alguma coisa, ainda para mais quando falamos do capitão (eleito por unanimidade).
É natural que a equipa se ressinta, já havia uma forma de jogar, um conhecimento mútuo muito grande e assim é quase como voltar a casa de partida. A questão não é o Nelo e Veloso fazerem falta ou serem insubstituíveis, porque ninguém o é. Mas jogamos juntos durante três anos, é natural estarmos habituados e mecanizados com eles.
A questão prende-se com a criação de um grupo novo, porque a saída de 5 e entrada de 5 naturalmente que altera um grupo. E enquanto não nos conhecermos, não nos habituarmos a jogar juntos, a funcionar como equipa vamos andar um bocado a navegar. Mas isto acontece em muitas equipas, quando se mexe muito a coisa nunca corre muito bem.
Foi o que aconteceu connosco, não por nossa vontade mas por vontade deles. Vamos passar um período de transição em que as coisas não vão correr tão bem e temos é de jogo a jogo sermos solidários uns com os outros para tentar dar a volta por cima o mais rápido possível.
“…saída de 5, entrada de 5…”. Este pequeno trecho retirado da tua resposta anterior, leva-me ao melhor 5. Quem são os jogadores do AC Gaia que compõem, na tua opinião o melhor 5 da equipa?
Carlos
Paulo
Filipe
Sá
Cris
Algum destes jogadores seria incluído da LSF? Indica 10 jogadores da LSF que convocarias para um “Dream Team”. Desses 10, qual seria o 5 inicial? Porquê?
Espero não me estar a esquecer de ninguém:
Paulo (AC Gaia)
Higuita (Real Portvscale)
Coutinho (Real Portvscale)
Hugo (Vai Avante)
Sá (AC Gaia)
Tito (Celta de Gaia)
Eduardo (Vai Avante)
Selas (Real Portvscale)
Cris (AC Gaia)
Turtle (Real Portvscale)
Relativamente ao 5 inicial não consigo dizer um, tudo dependia do adversário.
Uma equipa mais de contenção ou outra mais vocacionada para a frente.
Mas a meu ver, esta seria a minha “Dream Team”. Pode não corresponder a realidade, pois ainda não vi a equipa dos Palankas.
Ainda dentro das questões de treinador, consegue-se entender que o AC Gaia nunca teve um treinador que se dedica-se exclusivamente a essa função, ou seja, é sempre um jogador que faz, simultaneamente, o papel de treinador/jogador. Atendendo ao facto que todos as equipas que já venceram a Liga, Taça ou Supertaça SuperFutsal tinham um treinador, em "regime de exclusividade", não achas que seria benéfico para o AC Gaia um treinador que se dedicasse a "full-time"? Esse sistema não prejudica a pessoa que estiver a desempenhar ambos os papéis em simultâneo?
Já pensamos varias vezes nessa possibilidade. Mas para além de não conhecermos ninguém achamos que estragaria um bocado a filosofia do que é o AC Gaia. Acredito que pudéssemos ter melhores resultados, em certas alturas decisivas penso que um treinador é bastante útil mas sempre nos fomos dando mais ou menos bem assim. Obviamente que quem desempenha esse papel pode sair prejudicado, digo pode porque quando há uma boa união e espírito todos acabam por ajudar e ter consciência de quem deve ou não estar a jogar.
Para finalizar, como gostavas que o AC Gaia fosse daqui a 10 anos?
Gostava que o pessoal se mantivesse todo junto, continuasse a divertir e a desfrutar de ir aos treinos e jogos. Alguns secalhar até já com filhos que poderão a fazer parte da equipa num futuro mais distante. Essencialmente manter o espírito de amizade que temos, antes de sermos uma equipa somos todos amigos e isso é o fundamental. Obviamente ganhar toda a gente gosta, mas isso não é a única coisa que nos fará sorrir um dia quando olharmos para trás. Mas sim também todas as dificuldades e peripécias passadas em grupo ao longo dos anos.
Quero agradecer ao Carlos pela entrevista, foi com muito gosto que respondi a todas as perguntas colocadas. Falei de assuntos que para mim já estavam enterrados e por breves instantes os “desenterrei”. Qualquer pessoa pode comentar obviamente mas não espere qualquer tipo de resposta da minha parte. Assumi um princípio de responder a tudo e não fugir a questão nenhuma.
Quero também desejar a todos um óptimo campeonato e que todos façam os impossíveis para elevar a LSF a um patamar cada vez melhor tornando-a ainda mais cobiçada por quem nos vê de fora.
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